«A alfaia religiosa empregue no cerimonial da Semana Santa era a urna, a qual tinha como função servir de receptáculo. No decorrer da missa efectuada na Quinta-feira da Semana Santa era realizado um procedimento exclusivo desta data, que consistia na consagração da hóstia a ser utilizada do dia seguinte – Sexta-feira, em virtude de não ocorrer a celebração eucarística nesse dia. Finalizada a consagração, a hóstia era colocada na patena, tapada pela pala e coberta com um véu branco, sendo posteriormente acondicionada no interior de uma urna cerrada e fechada à chave.
Usualmente a urna achava-se assente sobre uma peanha, sendo colocada sobre um altar, que recebia a denominação de Sepulcro ou Monumento, o qual era ornamentado especificamente para a ocasião. O altar no qual se encontrava inserido era predominantemente enfeitado com flores e velas acesas de coloração branca, sendo interdita a colocação de símbolos da Paixão, de relicários, vasos sagrados, esculturas ou quadros de santos, de véus negros. A incidência da luz sobre as zonas espelhadas da urna, e as superfícies douradas da mesma e do retábulo, conferiam ao conjunto um efeito cenográfico[1]»[2].
[1] Vd. PORTO. Diocese do Porto – Exposição do Grande Jubileu do Ano 2000: Cristo Fonte de Esperança. Porto: Edições Asa, 2000, p.366.
[2] Vd. GOMES, Maria Fernando – Projecto de Intervenção no Retábulo do Santíssimo pertencente à Igreja Paroquial de São Pedro de Miragaia no Porto. Porto: [s.n.], 2006. Trabalho apresentado na Cadeira de «Seminário» da Licenciatura de Arte, vertente de Conservação e Restauro, da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa (Porto), p.92.